Maria já era grande quando lançaram Kinder Ovo no Brasil. Jamais poderia imaginar que ele tinha nascido um ano antes dela: em 1975. É que só em 1994 deram um jeito de fazer os ovinhos formados por fina camada de chocolate com avelã, recheados com o peso de uma surpresa dentro, se manterem intactos, sem derreter, em terras tropicais. Aí a brincadeira começou. A melhor era torcer pela família de hipopótomos, enquanto seu irmão Bilaio torcia para eles não virem e, assim, ele ganhar mais chocolate. É, os hipopótamos. Esses seres fofos que se afundam no ócio, gorduchos que não comem chocolate e, se comprados pela Ferrero, dormem felizes presos em capsula laranja, depois no ovo, depois na caixinha retangular. Felizes porque estão escondidos do mundo. Como quando se afundam debaixo d'água. Os da Ferrero eram desembalados e salvos por crianças, que os levavam para um outro mundo possível. Para isso, apareciam felizes. A salvação agora está mais difícil, pois os Kinder Ovos, que custavam R$1,00 quando chegaram ao Brasil, hoje são vendidos por até R$ 4,00 a unidade. E existe a possibilidade de você ter pago pela dor de ganhar um quebra-cabeça de 4 peças.
O que para Maria era brincadeira, para muita gente era coisa séria, dizia ela. E não se referia aos funcionários da fabricante, mas aos colecionadores. Aficionada pelos paquidermes, Maria descobriu uma galera na feira de colecionadores do Passeio Público do Rio de Janeiro que ia para a Itália e a Alemanha periodicamente trazer amigos hipos estrangeiros. E a grana com o repasse dos bichinhos para gente como ela pagava as viagens deles. Até porque, é claro, os hipopótamos fora da caixa custavam bem mais que os nacionais. Com a vantagem de não engordarem.
sexta-feira, junho 08, 2007
terça-feira, maio 08, 2007
Pra não completar um mês sem escrever aqui
Se a escrita acompanhasse a velocidade do pensamento, o desafio seria colocar ponto final?
segunda-feira, abril 09, 2007
Le Pen é uma pena
Não dava para esperar nada muito diferente, mas nem por isso deixam de chocar as barbaridades proferidas por Le Pen, o candidado reacionário à presidência da França (que – isso sim foi assustador – chegou ao segundo turno nas últimas eleições no país, em 2002). Em um fórum realizado pela revista Elle, na última quinta-feira, na Siences-Po (Fondation Nationale des Sciences Politiques), sobre “O que as mulheres querem”, Le Pentulante se posicionou contra a distribuição de preservativos a jovens do ensino médio e propôs que as mulheres apenas se masturbassem. “As obcecadas com esse tema podem usar o método manu militari, que é menos perigoso e contraceptivo”, disse. Bem, essa solução Le Pênis torto tinha que ter sugerido à sua mulher, para que não gerassem Marine, gerente de campanha do pai e farinha do mesmíssimo saco. Se o candidato da Frente Nacional estimulou o uso das mãos com suas palavras foi para darem um grande tabefe em sua cara. Veremos no dia 22 de abril.
quinta-feira, março 29, 2007
Bagagem dos céus
Sempre foi mágico aquele momento em que as malas atravessam uma cortina de tiras de borracha preta e desfilam imóveis por uma passarela, enquanto os donos das gorduchas aguardam a entrada da sua em cena.
Tudo começava horas antes, no momento da partida, quando a mala era deixada em um outro piso rolante, e de lá partia. Alice figurava seus pertences viajando por uma esteira imaginária e, pelo caminho, cruzando com nuvens e estrelas. E, se o avião ia tão rápido, é claro que a esteira, ao sair do aeroporto, ganhava igual velocidade. De modo que chegavam juntos: proprietário e propriedade, em incrível sincronia. Uma vez, a mala de Alice aterrissou encharcada. Ela pensou: ou as estradas-esteiras voam mais baixo que os aviões ou as nuvens estariam altas demais naquele dia. Afinal, havia chovido!
Hoje, no entanto, passados alguns anos, as imagens fantasiosas de Alice desceram à terra. Hoje, ela tem a triste certeza de que aquela mala molhada sinalizava nada menos ordinário do que um vazamento qualquer ou uma má manutenção no bagageiro da aeronave.
Alice saiu do avião e uma única esteira do pequenino aeroporto dividia espaço com a pista de pouso. Aquela esteira imaginariamente infinita, transportadora de malas ou quaisquer objetos pelos ares, era, na verdade, circular. Rodava em si mesma. O que dividia suas metades era um vidro, um vidro! Alice não teve como evitar ver seu céu despencando. Quanto mais olhava, mais a frustração se confirmava. Ela viu funcionários da companhia aérea retirando, com seus braços doídos e suas caras cansadas, as malas do avião. E empilhando-as em um caminhãozinho. Viu o caminhãozinho se aproximando do outro lado do vidro, o motorista parando e descendo com o co-piloto. E os dois jogando as malas na falsa estrada aérea. E aquela cortina preta ali, mas sem função. O que ela via fazia parte de uma logística humana tão pouco inspiradora. Aquela gente, como as esteiras, rodando sem sair do lugar. Era tudo incondizente com o que, para Alice, representa uma viagem (ou, pelo menos, seus resultados)...
Aquelas malas não eram mais objetos privilegiados que carregavam outros tantos para uma viagem emocionante, em esteiras que – acreditava – deviam formar escorregas e, nessas horas, posicionar-se como tapetes de arcos-íris. Alice viu que tudo é muito mais simples e sem graça do que parece quando se desconhece. Deparou-se, dessa vez de forma transparente, com um mundo cruelmente real.
Pelo menos, pensou a jovem , por anos e anos as malas escondidas e as paredes opacas aguçaram sua imaginação. Agora, quando viaja, Alice lembra que, sim, outro mundo já foi possível. E para que sempre seja, leva livros na mala de mão.
Tudo começava horas antes, no momento da partida, quando a mala era deixada em um outro piso rolante, e de lá partia. Alice figurava seus pertences viajando por uma esteira imaginária e, pelo caminho, cruzando com nuvens e estrelas. E, se o avião ia tão rápido, é claro que a esteira, ao sair do aeroporto, ganhava igual velocidade. De modo que chegavam juntos: proprietário e propriedade, em incrível sincronia. Uma vez, a mala de Alice aterrissou encharcada. Ela pensou: ou as estradas-esteiras voam mais baixo que os aviões ou as nuvens estariam altas demais naquele dia. Afinal, havia chovido!
Hoje, no entanto, passados alguns anos, as imagens fantasiosas de Alice desceram à terra. Hoje, ela tem a triste certeza de que aquela mala molhada sinalizava nada menos ordinário do que um vazamento qualquer ou uma má manutenção no bagageiro da aeronave.
Alice saiu do avião e uma única esteira do pequenino aeroporto dividia espaço com a pista de pouso. Aquela esteira imaginariamente infinita, transportadora de malas ou quaisquer objetos pelos ares, era, na verdade, circular. Rodava em si mesma. O que dividia suas metades era um vidro, um vidro! Alice não teve como evitar ver seu céu despencando. Quanto mais olhava, mais a frustração se confirmava. Ela viu funcionários da companhia aérea retirando, com seus braços doídos e suas caras cansadas, as malas do avião. E empilhando-as em um caminhãozinho. Viu o caminhãozinho se aproximando do outro lado do vidro, o motorista parando e descendo com o co-piloto. E os dois jogando as malas na falsa estrada aérea. E aquela cortina preta ali, mas sem função. O que ela via fazia parte de uma logística humana tão pouco inspiradora. Aquela gente, como as esteiras, rodando sem sair do lugar. Era tudo incondizente com o que, para Alice, representa uma viagem (ou, pelo menos, seus resultados)...
Aquelas malas não eram mais objetos privilegiados que carregavam outros tantos para uma viagem emocionante, em esteiras que – acreditava – deviam formar escorregas e, nessas horas, posicionar-se como tapetes de arcos-íris. Alice viu que tudo é muito mais simples e sem graça do que parece quando se desconhece. Deparou-se, dessa vez de forma transparente, com um mundo cruelmente real.
Pelo menos, pensou a jovem , por anos e anos as malas escondidas e as paredes opacas aguçaram sua imaginação. Agora, quando viaja, Alice lembra que, sim, outro mundo já foi possível. E para que sempre seja, leva livros na mala de mão.
quinta-feira, março 22, 2007
Pane aérea
"xtzy&8%##... nau bordingueiti tri", dizia para os gringos (já exaustos de esperar) a voz nas caixas de som do aeroporto de Congonhas, SP. A última sílaba variava de acordo com o número do portão de embarque.
"xtzy&8%##... nau bordingueiti tri", repetia a voz. Aquela voz que, um dia, já teve pronúncia perfeita em tom sensual e onírico como as viagens de que fala. Agora, é um barulho estridente, incômodo e, pior, incompreensível.
Talvez seja uma estratégia do ministro Waldir Pires e da Infraero, sugerida e acatada pelas cias. de aviação, para (tentar) enrolar os passageiros sobre os atrasos, cancelamentos e "oder probleimx" do tráfego aéreo brasileiro. Se o vôo atrasou quatro horas? "Não, imagina, o Sr. não deve ter ouvido a chamada de embarque".
Quando a voz é em português, ainda que a dicção seja péssima, é mais comum os brasileiros compreenderem. Nesse caso, a estratégia muda. Acompanhe o diálogo:
- A que horas o vôo vai partir?
- Houve um fusionamento que transfere os passageiros do vôo 3278 para o vôo 3282, Senhora.
- Ok, então, a que horas meu vôo, que era às 14:20h, vai sair?
- Senhora, não há previsão de atraso para o vôo fusionado.
- Fu que?
- Fusionado, Senhora.
- Meu vôo foi cancelado?
- Senhora, seu vôo foi fusionado, o que é uma espécie de cancelamento.
- E sai que horas o próximo?
- O vôo 3282 está marcado para 17:50h, Senhora.
- Três horas e meia de atraso?
- O vôo 3282, a princípio, não tem previsão de atraso, Senhora.
- Eu comprei o vôo das 14:20h e preciso estar em Ribeirão Preto até 18h. Como assim não houve atraso?
- Houve fusionamento, Sra.
Esta é uma das tantas histórias lamentáveis (baseadas em fatos reais) sobre a pane aérea brasileira, que anda competindo com a terrestre. Sugiro que nós, vítimas, fu.. com as atitudes dos supostos responsáveis, como pudermos. Exigindo direitos mínimos e não aceitando respostas imbecis. É o que podemos e devemos fazer. Ainda que canse. Mas, atenção: isso tudo, sem descontar a indignação na moça do balcão, a quem ensinaram a palavra fusionado, entre outros absurdos.
"xtzy&8%##... nau bordingueiti tri", repetia a voz. Aquela voz que, um dia, já teve pronúncia perfeita em tom sensual e onírico como as viagens de que fala. Agora, é um barulho estridente, incômodo e, pior, incompreensível.
Talvez seja uma estratégia do ministro Waldir Pires e da Infraero, sugerida e acatada pelas cias. de aviação, para (tentar) enrolar os passageiros sobre os atrasos, cancelamentos e "oder probleimx" do tráfego aéreo brasileiro. Se o vôo atrasou quatro horas? "Não, imagina, o Sr. não deve ter ouvido a chamada de embarque".
Quando a voz é em português, ainda que a dicção seja péssima, é mais comum os brasileiros compreenderem. Nesse caso, a estratégia muda. Acompanhe o diálogo:
- A que horas o vôo vai partir?
- Houve um fusionamento que transfere os passageiros do vôo 3278 para o vôo 3282, Senhora.
- Ok, então, a que horas meu vôo, que era às 14:20h, vai sair?
- Senhora, não há previsão de atraso para o vôo fusionado.
- Fu que?
- Fusionado, Senhora.
- Meu vôo foi cancelado?
- Senhora, seu vôo foi fusionado, o que é uma espécie de cancelamento.
- E sai que horas o próximo?
- O vôo 3282 está marcado para 17:50h, Senhora.
- Três horas e meia de atraso?
- O vôo 3282, a princípio, não tem previsão de atraso, Senhora.
- Eu comprei o vôo das 14:20h e preciso estar em Ribeirão Preto até 18h. Como assim não houve atraso?
- Houve fusionamento, Sra.
Esta é uma das tantas histórias lamentáveis (baseadas em fatos reais) sobre a pane aérea brasileira, que anda competindo com a terrestre. Sugiro que nós, vítimas, fu.. com as atitudes dos supostos responsáveis, como pudermos. Exigindo direitos mínimos e não aceitando respostas imbecis. É o que podemos e devemos fazer. Ainda que canse. Mas, atenção: isso tudo, sem descontar a indignação na moça do balcão, a quem ensinaram a palavra fusionado, entre outros absurdos.
domingo, março 18, 2007
Depois da tempestade...
Começar uma viagem no fim de sexta-feira, e não na manhã de sábado, faz toda a diferença. Ainda mais quando você teve uma semana daquelas, o fim de semana urge e, às seis em ponto da sua véspera, te aguarda na porta do trabalho a pessoa com quem você mais se sente à vontade no mundo. Aí o mundo começa a se normalizar. Sim, porque, às vezes, a rotina é anormal (e pro mal, porque tem muita coisa anormal que é boa). Às 22h da mesma sexta-feira, você já comeu croquete na Casa do Alemão, já tomou um chope (porque não vai dirigir), já ouviu The Doors, Tom Zé e Luiz Melodia, já sentiu o vento na cara, levando os cabelos, naquela hora menos quente e com a estrada livre, em que vale desligar o ar e abrir o vidro. Também já se contorceu no banco porque ainda falta e você já ficou o dia toda sentada, diante de um computador. Também já papeou, riu, cantou, atravessou 1h de estrada de terra, e chegou no destino onde uma cama com mais de 2m x 2m, dentro de um chalé de madeira com tijolinhos, no alto de uma montanha, aguarda os viajantes. Como a animação apaga um pouco o cansaço, você ainda pula na cama, faz guerra de travesseiros, namora, bebe um vinhozinho e coloca um filme do DVD... Dorme no meio, o cansaço veio. É meia-noite e os corpos colam na cama. As mentes sonham o que não se sonharia em qualquer lugar. Amanhã não há hora para acordar e viajar, porque a viagem já começou faz tempo.
Começar uma viagem na sexta-feira, e não no sábado, faz toda a diferença. Mas, ops, vamos levantar, o café da manhã é imperdível e só vai até meio-dia! Eh, bonança!
Começar uma viagem na sexta-feira, e não no sábado, faz toda a diferença. Mas, ops, vamos levantar, o café da manhã é imperdível e só vai até meio-dia! Eh, bonança!
segunda-feira, março 12, 2007
Inimigo Rumor
Pessoal, aqui é prosa e a poesia tem outros espaços... Mas não resisto a divulgar o lançamento da revista Inimigo Rumor nº 19, editada por uma galera de peso da CosacNaify e da 7 letras, da qual faz parte meu querido professor (?! - seria esta a melhor palavra? ) Carlito Azevedo. Tive a honra de ter um poema meu publicado nessa edição.
Além de uma bela seleção de poemas de autores consagrados, novos e/ou inéditos, a revista traz um ensaio maravilhoso do poeta Frank O'Hara sobre a obra do pintor Jackson Pollock.
Rolou evento de lançamento no Rio no sábado, dia 10, na Berinjela. Agora, é a vez dos paulistas. Quem se interessar, pode aparecer hoje, dia 12, às 20h, no Bar Balcão.
Mais informações no:
http://www.cosacnaify.com.br/loja/detalhes.asp?codigo_produto=812&language=pt&showPromo=False
Além de uma bela seleção de poemas de autores consagrados, novos e/ou inéditos, a revista traz um ensaio maravilhoso do poeta Frank O'Hara sobre a obra do pintor Jackson Pollock.
Rolou evento de lançamento no Rio no sábado, dia 10, na Berinjela. Agora, é a vez dos paulistas. Quem se interessar, pode aparecer hoje, dia 12, às 20h, no Bar Balcão.
Mais informações no:
http://www.cosacnaify.com.br/loja/detalhes.asp?codigo_produto=812&language=pt&showPromo=False
terça-feira, março 06, 2007
Sunshines more in Bahia
Quem nem tchum para o Oscar, ainda não ouviu um amigo elogiando o filme, e deixou de ver o maravilhoso Pequena Miss Sunshine porque não gostou da sinopse dos jornais cariocas, por favor, ignore-a. Ainda contagiada pelo brilho do sol baiano, reproduzo aqui a sinopse divulgada nos jornais de lá, mais fiel ao filme. Diz o seguinte:
Nenhuma família é normal, mas a família Hoover extrapola. O pai desenvolveu um método de auto-ajuda que é um fracasso, o filho mais velho fez voto de silêncio, o cunhado é um professor suicida e o avô foi expulso de uma casa de repouso por usar heroína. Nada funciona para o clã, até que a filha caçula, a desajeitada Olive, é convidada para participar de um concurso de beleza para pré-adolescentes. Durante três dias, eles deixam todas as suas diferenças de lado e se unem para atravessar o país numa Kombi amarela enferrujada.
Agora, quem ainda não viu, veja só por curiosidade como O Globo resume o filme:
A pequena Olive tem um sonho: vencer o concurso de beleza infantil Pequena Miss Sunshine. Sua família, cheia de problemas, une-se em uma longa viagem de carro até a Califórnia para tentar transformar o sonho da garota em realidade.
Lendo isso, parece até que a pequena Olive é uma debilóida e que sua família forma uma típica patota americana, padronizada e hipnotizada por sonhos comuns. E é justamente o contrário. O filme aponta as particularidades de cada membro da família. Os conflitos e as verdades de pessoas reais, sensíveis e bem diferentes. O concurso de beleza é só o pretexto para muita coisa boa vir à tona. E confere ao filme um final de chorar de rir!
Nenhuma família é normal, mas a família Hoover extrapola. O pai desenvolveu um método de auto-ajuda que é um fracasso, o filho mais velho fez voto de silêncio, o cunhado é um professor suicida e o avô foi expulso de uma casa de repouso por usar heroína. Nada funciona para o clã, até que a filha caçula, a desajeitada Olive, é convidada para participar de um concurso de beleza para pré-adolescentes. Durante três dias, eles deixam todas as suas diferenças de lado e se unem para atravessar o país numa Kombi amarela enferrujada.
Agora, quem ainda não viu, veja só por curiosidade como O Globo resume o filme:
A pequena Olive tem um sonho: vencer o concurso de beleza infantil Pequena Miss Sunshine. Sua família, cheia de problemas, une-se em uma longa viagem de carro até a Califórnia para tentar transformar o sonho da garota em realidade.
Lendo isso, parece até que a pequena Olive é uma debilóida e que sua família forma uma típica patota americana, padronizada e hipnotizada por sonhos comuns. E é justamente o contrário. O filme aponta as particularidades de cada membro da família. Os conflitos e as verdades de pessoas reais, sensíveis e bem diferentes. O concurso de beleza é só o pretexto para muita coisa boa vir à tona. E confere ao filme um final de chorar de rir!
sexta-feira, fevereiro 16, 2007
Surpresas de Salvador
São notórias, mas ainda assim foram surpreendentes a gentileza e a receptividade dos soteropolitanos. Aliás, igual surpresa foi descobrir essa palavrinha grega que define os que nasceram em Salvador, Bahia. Andando sozinha pela cidade e com algumas programações em subúrbios e zonas nada turísticas, para não se estressar, a carioca Catarina reservou uma graninha adicional pra circular de táxi, o que dava a ela o direito de não saber como chegar no destino. Para não ficar culpada com o (mal) gasto, decidiu se dar uma, umazinha só chance de tentar um ônibus rápido, de R$ 2,00. Pronto. Nunca mais entrou em táxi. Era parar no ponto e perguntar pra alguém que ônibus pegar pra Portão, ou onde fosse, que o sujeito se mobilizava até ter certeza de que o trajeto estava claro e entendido. As pessoas - sem exceção - tomavam as perguntas da moça como questões próprias. Uma vez, um casal de namorados tirou papel e lápis da bolsa para desenhar o caminho e seus percalços. Tiveram uma dúvida e levaram Catarina até o jornaleiro próximo, para esclarecerem vendo o guia de ruas emprestado. Outra vez, o ônibus de uma Sra. chegou enquanto ela dava explicações a Catarina. Sem titubear, perdeu a condução. E ganhou uma admiradora. Teve também o cara que, ao ver a carioca desorientada, cedeu sua revistinha com a programação do fim de semana, do jornal que levava. Gestos bonitos, altruístas, impensáveis na maior parte das capitais... Agora, Catarina em Salvador, só de ônibus. Mas e os taxistas, como serão?
quarta-feira, fevereiro 14, 2007
Isto aqui oh oh... Parte 2
Um pouco mais sobre a resistência de Boop aos blogs (via blog..):
1. Gosto de encontrar, ligar, escrever cartas, e-mails direcionados. Das agendas com cadeado. Das sessões de análise individuais. Das relações tête-à-tête. Com suas riquezas, fraquezas, mistérios. E o blog é uma contradição: é a massificação do particular. Mas, bem, uma coisa não impede a outra. As questões não particulares são, muitas vezes, particularmente importantes. O ser humano vai além dele mesmo. E, indo além, chega nele. Ou deveria. E como muitas vezes não dá pra chegar assim, honremos os encontros, as ligações, as cartas e e-mails direcionados, as sessões de análise...
2. Blog tem essa coisa devassada, exibicionista, volúvel, estranha. Tão para todos, tão para ninguém. Mas, na verdade, é só uma ferramenta. Não precisa ser um diário. Não precisa dar nome aos bois e, melhor, os bois podem vir da imaginação. Pra escrever (exercício, exercício) o que der vontade, sobre o que convier. Cada blogueiro com seus critérios. Se for só exibicionismo, as palavras revelam. Mas, oh tolice, exibicionismo não precisa ser via blog. Se o receio é que isto aqui seja uma máscara virtual, é melhor relaxar. Há tantas máscaras “reais” por aí. Marketeiros que o digam... E não marketeiros que apurem seus sentidos. Em todo lugar, realmente, "tem de um tudo".
3. Gosto dos livros. E o blog é uma compilação de textos, em geral, não publicados. Valor duvidoso? Que haja dúvidas. Inclusive dos editados. O leitor é que vai credenciar os blogs ou não. É também caminho para editores pinçarem novos autores, para o novo. Caminho do qual o leitor tem liberdade de desviar. * Aliás, interessados, viram que o Prosa & Verso está selecionando blogs literários de anônimos para resenhar?
1. Gosto de encontrar, ligar, escrever cartas, e-mails direcionados. Das agendas com cadeado. Das sessões de análise individuais. Das relações tête-à-tête. Com suas riquezas, fraquezas, mistérios. E o blog é uma contradição: é a massificação do particular. Mas, bem, uma coisa não impede a outra. As questões não particulares são, muitas vezes, particularmente importantes. O ser humano vai além dele mesmo. E, indo além, chega nele. Ou deveria. E como muitas vezes não dá pra chegar assim, honremos os encontros, as ligações, as cartas e e-mails direcionados, as sessões de análise...
2. Blog tem essa coisa devassada, exibicionista, volúvel, estranha. Tão para todos, tão para ninguém. Mas, na verdade, é só uma ferramenta. Não precisa ser um diário. Não precisa dar nome aos bois e, melhor, os bois podem vir da imaginação. Pra escrever (exercício, exercício) o que der vontade, sobre o que convier. Cada blogueiro com seus critérios. Se for só exibicionismo, as palavras revelam. Mas, oh tolice, exibicionismo não precisa ser via blog. Se o receio é que isto aqui seja uma máscara virtual, é melhor relaxar. Há tantas máscaras “reais” por aí. Marketeiros que o digam... E não marketeiros que apurem seus sentidos. Em todo lugar, realmente, "tem de um tudo".
3. Gosto dos livros. E o blog é uma compilação de textos, em geral, não publicados. Valor duvidoso? Que haja dúvidas. Inclusive dos editados. O leitor é que vai credenciar os blogs ou não. É também caminho para editores pinçarem novos autores, para o novo. Caminho do qual o leitor tem liberdade de desviar. * Aliás, interessados, viram que o Prosa & Verso está selecionando blogs literários de anônimos para resenhar?
4. Blogueiros reclamam de encontrar textos seus copiados em outros espaços, sem crédito nem permissão. Certo contrasenso. A reprodução descontrolada ou equivocada é inerente à linguagem da internet. Se incomoda, melhor não brincar. A regra é essa: a da falta de regra. Pro bem e pro mal. Até a legislação da web vingar ...
Partículas do admirável (?) mundo novo... Podia ter 5, 6, 7..
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