sexta-feira, junho 08, 2007

Kinder Ovo (a droga do dia)

Maria já era grande quando lançaram Kinder Ovo no Brasil. Jamais poderia imaginar que ele tinha nascido um ano antes dela: em 1975. É que só em 1994 deram um jeito de fazer os ovinhos formados por fina camada de chocolate com avelã, recheados com o peso de uma surpresa dentro, se manterem intactos, sem derreter, em terras tropicais. Aí a brincadeira começou. A melhor era torcer pela família de hipopótomos, enquanto seu irmão Bilaio torcia para eles não virem e, assim, ele ganhar mais chocolate. É, os hipopótamos. Esses seres fofos que se afundam no ócio, gorduchos que não comem chocolate e, se comprados pela Ferrero, dormem felizes presos em capsula laranja, depois no ovo, depois na caixinha retangular. Felizes porque estão escondidos do mundo. Como quando se afundam debaixo d'água. Os da Ferrero eram desembalados e salvos por crianças, que os levavam para um outro mundo possível. Para isso, apareciam felizes. A salvação agora está mais difícil, pois os Kinder Ovos, que custavam R$1,00 quando chegaram ao Brasil, hoje são vendidos por até R$ 4,00 a unidade. E existe a possibilidade de você ter pago pela dor de ganhar um quebra-cabeça de 4 peças.

O que para Maria era brincadeira, para muita gente era coisa séria, dizia ela. E não se referia aos funcionários da fabricante, mas aos colecionadores. Aficionada pelos paquidermes, Maria descobriu uma galera na feira de colecionadores do Passeio Público do Rio de Janeiro que ia para a Itália e a Alemanha periodicamente trazer amigos hipos estrangeiros. E a grana com o repasse dos bichinhos para gente como ela pagava as viagens deles. Até porque, é claro, os hipopótamos fora da caixa custavam bem mais que os nacionais. Com a vantagem de não engordarem.